É possível se sentir à vontade em um lugar onde você sabe que ninguém deseja a sua presença? Sempre que pisa no gramado do estádio de Pituaçu, o atacante Jones é obrigado a enfrentar esta situação.
No Bahia desde o início do ano passado, o jovem atleta de 23 anos teve seu contrato renovado até o final desta temporada, algo que despertou a revolta da maioria da torcida. Afinal, a perseguição a ele começou ainda em 2011.
“Esta é uma situação que acontece há tempos. Realmente tive uma queda de rendimento, fiquei parado um tempão durante o Baiano deste ano. É claro que a gente fica sem ritmo e não consegue jogar muito bem”, explica Jones, que, protegido pela assessoria de imprensa do clube, não fala em entrevista coletiva, mas não titubeou ao responder aos questionamentos da reportagem por telefone.
Para ele, não há como ignorar toda a pressão exercida pela massa tricolor. “Eu sou jovem, mas o cara poderia ser o mais experiente do mundo que, mesmo assim, sentiria. Claro que há pessoas que me apoiam – e eu agradeço ao professor Falcão pela oportunidade e aos companheiros pelas palavras de incentivo –, mas é complicado você ouvir o estádio inteiro gritando, dizendo que você não podia estar ali. Sei que muitos não me veem nem como jogador do Bahia”, desabafa.
Apesar de admitir que as constantes vaias vindas das arquibancadas o incomodam, Jones não perdeu a esperança de um dia virar o jogo: “Eu sei que posso fazer coisas diferentes em campo, mas erro uma ou duas bolas e o estádio já vem abaixo. O que eu posso fazer é continuar trabalhando. Sei que esta fase vai passar e vou viver grandes momentos no Bahia”.
Aval do grupo - Com a camisa tricolor, o atacante realizou 39 partidas e marcou quatro gols, nenhum deles nesta temporada, na qual disputou sete jogos e deu uma assistência. Apesar de os números não dizerem muito, treinador e colegas de clube garantem que trata-se de um jogador útil e que é preciso ter paciência com ele.
“Ele tem nosso aval. Estamos do lado dele. O cara jogou bem contra o Galo. Teve uma bola em que partiu pra cima do Réver, deu uma meia-lua e cruzou. Tem personalidade, é bom jogador, ajuda. Serve como um desafogo pra gente. Ele tem condição de reverter essa situação”, avalia o lateral Coelho.
O técnico Paulo Roberto Falcão já tinha partido para a defesa do pupilo após o duelo com o Vasco, no último domingo: “Eu não entendo por que a torcida vaia tanto este jogador. Parece perseguição”. E ele ficou em campo os 90 minutos.
Depois de amanhã, contra o Sport, novamente em Pituaçu, Jones deverá seguir como titular. “Tem que ter força, personalidade”, diz ele. Será que vai ganhar voto de confiança?